No início dos anos 2000, a trajetória de Marcelo Lacerda, pioneiro da internet brasileira, foi marcada por um encontro emblemático: a oferta de investimento no, então, promissor Google. Uma decisão crucial, posteriormente vista com bom humor pelo empresário, que revela sua visão à frente do tempo e as nuances que definiram seu percurso.
Ainda antes da ascensão da web, Lacerda já desbravava o universo da tecnologia. Em 1987, fundou a Nutek, uma de suas primeiras iniciativas, focada em um sistema de correio eletrônico, consolidando sua imagem como um dos “jurássicos” que pavimentaram o caminho da internet, mesmo quando sua existência plena ainda era incipiente.
Nos anos 90, sua influência se expandiu, contribuindo para a elaboração dos primeiros manuais da internet e navegando pelas transformações da privatização das telecomunicações. Foi neste período que o empresário alçou um de seus maiores feitos: o desenvolvimento do Terra Networks.
Marcelo Lacerda: Pioneiro da Internet, do Google à Magnopus
O sucesso do Terra residiu menos na tecnologia em si e mais em uma estratégia inovadora: a formação de grupos de mídia como afiliados. Esse modelo gerou um crescimento exponencial, culminando na venda do controle para a Telefónica em 1999 e no posterior IPO na Nasdaq, onde as ações do Terra experimentaram uma valorização meteórica, de US$ 13 para US$ 135 em poucos meses.
Apesar dos grandes êxitos, a jornada de Marcelo Lacerda não esteve isenta de momentos desafiadores e decisões difíceis. A oportunidade de investir 5% do Google nos anos 2000, então uma startup de perfil incerto, foi recusada por Lacerda, que questionava o modelo de negócio e a juventude da equipe. Um episódio marcante para a decisão foi a revelação de Sergey Brin sobre limitar a compra de ações no IPO a US$ 80 por investidor e sua intenção, que parecia mirabolante na época, de fotografar todas as ruas do mundo, levando Lacerda a considerar a empreitada arriscada.
Outro marco de grande dificuldade foi a polêmica aquisição do Lycos por US$ 3 bilhões. Considerada uma ideia pessoal de Lacerda, a compra gerou instabilidade interna, levando à saída do CEO do Terra e ao subsequente desmantelamento da equipe. O empresário descreve essa fase como um período de constantes retrocessos, no qual o valor do Lycos “derreteu” nas mãos da empresa, indicando uma virada desfavorável para os negócios.
A Deep Tech Magnopus e o Futuro Imersivo
Atualmente, Marcelo Lacerda desempenha o papel de Chairman da Magnopus, uma deep tech sediada em Los Angeles que se dedica à criação de soluções avançadas em computação gráfica e realidade imersiva. A Magnopus atende a uma lista impressionante de clientes globais, incluindo Disney, Google, Meta, Amazon e até mesmo a NASA. Apesar de ser uma empresa de tecnologia com sede nos Estados Unidos, seu capital é majoritariamente brasileiro, posicionando-a em um mercado com potencial de bilhões de dólares.
Imagem: infomoney.com.br
A gênese da Magnopus foi um encontro casual que se transformou em uma sólida parceria. A empresa é responsável por projetos emblemáticos como a produção de “O Rei Leão” (2019), um filme integralmente desenvolvido dentro do software da Magnopus, proporcionando uma imersão que simula a experiência de estar no Serengeti por meio de realidade virtual.
Marcelo Lacerda e a Visão da Inteligência Artificial
Marcelo Lacerda expressa uma visão singular sobre a Inteligência Artificial (IA), percebendo-a como uma ampliação da cognição humana, e não apenas como uma invenção tecnológica isolada, comparando seu impacto ao surgimento da linguagem há 200 mil anos. Sua principal preocupação não reside no poder computacional das máquinas, mas no risco de um aumento da desigualdade intelectual. Ele adverte para a formação de uma elite que compreenderia o funcionamento global, enquanto a maioria da população ficaria com conhecimento progressivamente limitado.
Frente a este cenário, o empresário defende pilares como educação, criatividade e formação robusta em ciência da computação. Lacerda está à frente de um ambicioso projeto filantrópico de R$ 400 milhões, o ITEC (Instituto de Tecnologia, Educação e Criatividade), no Rio Grande do Sul. O objetivo é desenvolver a nova geração de “nerds criativos”, com a convicção de que o Brasil tem o talento necessário para cultivar uma deep tech de projeção mundial e, no futuro, originar as próximas “Magnificent Seven” da tecnologia global.
A profunda análise sobre a trajetória de Marcelo Lacerda, o histórico da internet brasileira e suas escolhas cruciais pode ser conferida integralmente no programa “Do Zero ao Topo”, disponível em vídeo no YouTube e em plataformas de podcast, como reportado pelo InfoMoney.
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A notável jornada de Marcelo Lacerda serve como um estudo de caso inspirador no empreendedorismo tecnológico, desde a fundação da Nutek e o sucesso do Terra, passando por decisões audaciosas, até sua atuação global com a Magnopus e suas reflexões sobre o futuro da inteligência artificial e da educação. Para aprofundar-se em análises de mercado, inovação e o panorama empresarial brasileiro, continue acompanhando a editoria de Economia em rarosolutions.com.
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