As ações da Hapvida (HAPV3) registraram uma expressiva queda nesta segunda-feira (8), com recuo de 4,98%, atingindo o valor de R$ 13,75. Este desempenho negativo eleva a desvalorização acumulada dos papéis para aproximadamente 58% no ano de 2025. A acentuada baixa ocorre em um contexto de preocupações levantadas por novos dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde (ANS), que apontam para a perda de clientes pela operadora, mantendo a cautela entre os gestores do mercado, mesmo diante da significativa depreciação anual dos ativos.
Crescimento no Setor e o Cenário para Planos de Saúde
O panorama geral para planos de saúde no Brasil apresentou crescimento. Dados da Agência Nacional de Saúde (ANS) revelaram um aumento de 181,2 mil usuários no mês de outubro de 2025, resultando em um total de 53,2 milhões de beneficiários. Na comparação anual, o acréscimo foi ainda mais significativo, com 1,2 milhão de novos usuários registrados. No entanto, em contraste com essa expansão setorial, a Hapvida experimentou uma retração em sua base de clientes, evidenciando desafios particulares à companhia.
Hapvida: Ações Despencam 5% com Perda de Clientes e Incertezas
A operadora de saúde perdeu cerca de 15 mil usuários no período, sendo que 11,3 mil dessas perdas foram atribuídas à NotreDame Intermédica (NDI), que foi adquirida pela Hapvida com o objetivo de expandir sua atuação em São Paulo, mas continua enfrentando dificuldades em sua operação. O número de desligamentos superou as projeções da empresa, que havia indicado um crescimento marginalmente positivo. Além da NDI, a Hapvida registrou uma perda de 7 mil pacientes na região Nordeste. Analistas do Bradesco BBI interpretam o fraco desempenho como reflexo da concorrência acirrada no mercado, com destaque para a atuação da Amil, que tem capturado novos beneficiários de forma expressiva.
Impacto no Desempenho do Quarto Trimestre e Análise do Goldman Sachs
Para os especialistas do Goldman Sachs, as recentes quedas e a performance no número de beneficiários servem como um indicativo para os resultados do quarto trimestre da empresa. A Hapvida tem encontrado obstáculos na aceleração das adições líquidas de clientes no estado de São Paulo, registrando uma perda de 9 mil usuários em relação ao mês anterior na região. Estes desafios são vistos como consequência das dificuldades na integração da operação da NDI, apesar dos esforços comerciais intensificados pela companhia localmente. O banco informou que monitorará com atenção a inflexão nas adições líquidas no Sudeste nos próximos meses, mantendo, por enquanto, a projeção de 14 mil beneficiários líquidos adicionais para a Hapvida no quarto trimestre de 2025 em comparação com o trimestre anterior.
Visão do Santander e Cautela dos Investidores
Em análise do Santander após uma série de visitas a investidores na Europa, foi observada uma percepção de cautela em relação aos setores de saúde e educação. A equipe de analistas do banco identificou que poucos investidores mantêm posições significativas em ações da Hapvida, mesmo após a expressiva queda no valor dos papéis depois dos resultados do terceiro trimestre de 2025. O estudo apontou a ausência de interesse em aumentar a exposição aos ativos da Hapvida, embora também não houvesse grande apetite para venda a descoberto acima dos níveis de preço atuais. A conclusão principal reiterada pelo Santander é a necessidade da gestão da Hapvida em restaurar a confiança dos investidores por meio de uma melhor execução estratégica e operacional.
Aumento da Competitividade e Visibilidade do Crescimento
A percepção no mercado é que o segmento de planos e seguros de saúde se tornou notavelmente mais competitivo. Isso se manifesta tanto por meio de estratégias de precificação mais agressivas por parte dos concorrentes quanto por uma maior remuneração nos canais de venda, conforme avaliação do Santander. Tal cenário competitivo gera uma carência de visibilidade clara sobre o crescimento e a margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações dividido pela receita líquida) da Hapvida para os próximos trimestres. Essa incerteza é um fator decisivo que pode inibir investidores de se posicionarem na empresa.
Imagem: infomoney.com.br
Perspectivas e o Papel da Recompra de Ações
De maneira geral, a Hapvida enfrenta uma escassez de compradores marginais para suas ações. Em um ambiente assim, a empresa pode vir a depender de seu programa de recompra de ações como uma estratégia para proteger e estabilizar o preço dos papéis no mercado. Este mecanismo pode ser crucial para mitigar quedas adicionais e sinalizar uma percepção de valor à gestão para o mercado, em um período de desafios e adaptações para a operadora de saúde.
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Crédito da imagem: Divulgação/Hapvida
