Críticas à Candidatura de Flávio Bolsonaro Intensificam

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Críticas à Candidatura de Flávio Bolsonaro Intensificam

Críticas à Candidatura de Flávio Bolsonaro Intensificam

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República tem gerado um cenário de desaprovação por parte de figuras-chave e blocos políticos da direita brasileira. Na terça-feira recente, 19 de março, o pastor Silas Malafaia, um dos mais vocais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, posicionou-se contra a proposta, indicando alternativas políticas que considera mais viáveis e eficazes para a disputa presidencial.

Malafaia, reconhecido por sua forte influência no segmento evangélico e sua proximidade com a família Bolsonaro, argumentou que a configuração política ideal para o campo conservador envolveria uma chapa liderada pelo atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como candidata à vice-presidência. Segundo ele, esse arranjo seria mais competitivo para enfrentar o pleito e conquistar apoio de diversas frentes eleitorais. Ele inclusive mencionou a falta de ataques do governo Lula a Flávio como um sinal de que a candidatura dele não é vista como uma ameaça pelo outro lado.

As manifestações de ceticismo e crítica em torno da possível postulação de Flávio Bolsonaro não são recentes nem se restringem a Malafaia. De fato, já em dezembro do ano anterior, após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) oficializar sua candidatura em 5 de dezembro de 2023 – uma decisão que, segundo reportagens da época, teria partido do próprio Jair Bolsonaro –, vozes de segmentos estratégicos da política brasileira começaram a emergir em desacordo. Membros proeminentes do bloco político conhecido como Centrão, por exemplo, haviam previamente expressado objeções à forma como a pré-candidatura estava sendo estruturada, sem uma articulação conjunta e um diálogo mais amplo com outras legendas partidárias.

Repercussões Imediatas e Ação do Centrão

No dia 8 de dezembro de 2023, apenas três dias após o anúncio da candidatura, Ciro Nogueira (PI), presidente do Partido Progressista (PP) e figura influente no Congresso Nacional, abordou o tema. Nogueira, apesar de sua relação de proximidade com o filho do ex-presidente, destacou publicamente que o universo da política transcende os laços de amizade. Ele ressaltou a importância fundamental de fatores como pesquisas de intenção de voto, a viabilidade real da candidatura e a consulta e o respaldo dos partidos aliados como pilares essenciais para qualquer movimento presidencialista.

No mesmo dia 8 de dezembro, uma reunião de peso ocorreu em Brasília. Flávio Bolsonaro encontrou-se com Ciro Nogueira, Antonio Rueda, presidente do União Brasil, e Valdemar Costa Neto, líder do Partido Liberal (PL), a legenda do senador. Da mesa de negociações, apenas Valdemar Costa Neto publicamente demonstrou seu apoio incondicional à candidatura do parlamentar, proferindo a frase de lealdade: “se Bolsonaro falou, está falado”. Esta declaração indicava uma aceitação baseada na hierarquia e na decisão do ex-presidente, e não necessariamente em uma avaliação coletiva de viabilidade.

Subsequente ao encontro, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, confirmou que as partes envolvidas não haviam sido previamente comunicadas sobre a articulação da pré-candidatura. Essa ausência de diálogo antecipado impôs aos líderes partidários a necessidade de deliberar sobre o assunto internamente com suas bases políticas. A primeira análise do Centrão apontava para a percepção de que Flávio Bolsonaro, naquele momento, não detinha o capital político necessário para aglutinar e unir o bloco de oposição, um pré-requisito visto como fundamental para o sucesso eleitoral.

Apesar das manifestações contrárias e dos questionamentos à sua força política, Flávio Bolsonaro se manteve firme em sua posição. No dia seguinte aos encontros com os caciques partidários, durante uma visita a seu pai na Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, ele reafirmou sua decisão. “Minha relação com Ciro, Rueda e outros nomes é muito boa. Eles se preocuparam com o meu nome, com base em pesquisas, de eu não tracionar. Meu nome está tracionado. Reforcei a eles que minha candidatura é irreversível”, declarou o senador, buscando transmitir segurança e convicção sobre sua trajetória política.

O Centrão e a Ausência de Apoio Formal

O diálogo e as articulações políticas prosseguiram, com os líderes partidários do Centrão se encontrando novamente em 9 de dezembro de 2023. Dessa vez, os “caciques” também dialogaram com o deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos. Contudo, as discussões não resultaram em um consenso, e desde aquele encontro, nem o PP, nem o União Brasil, nem o Republicanos expressaram apoio público formal à candidatura de Flávio Bolsonaro, mantendo uma postura de observação e cautela.

Em meio a esse intrincado cenário de articulações e manifestações de desconfiança, Carlos Bolsonaro (PL), pré-candidato ao Senado por Santa Catarina e irmão de Flávio, veio a público para defender a decisão familiar. Aproveitando a aparente indecisão dos partidos de centro, Carlos utilizou suas redes sociais para criticar o que ele percebe como os verdadeiros interesses do Centrão: “O que realmente quer o Centrão? Certamente não é liberdade econômica de verdade, nem autonomia do cidadão. O projeto é outro, silencioso, mas evidente para quem presta atenção”, escreveu, sugerindo agendas ocultas por trás das críticas à candidatura de seu irmão.

Avaliações do PP e Cenário Eleitoral de 2026

Ainda na quinta-feira recente, a mais recente expressão de discordância veio do deputado doutor Luizinho Teixeira (RJ), líder do Partido Progressista na Câmara dos Deputados. Ele enfatizou a liberdade de seu partido e do União Brasil para definirem seus posicionamentos e apoios políticos, considerando que o PL havia agido de forma unilateral e isolada ao lançar a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro.

“O PP, junto com o União Brasil, participava da construção de uma candidatura de centro-direita. A partir do momento em que Flávio Bolsonaro puxa a candidatura dele por uma decisão familiar e impõe para a direita, todo mundo que é de centro e centro-direita está livre. Nossa prioridade é eleger deputado e senador”, explicou o deputado em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Suas palavras destacam uma priorização dos interesses legislativos e locais dos partidos em detrimento de uma imposição presidencial.

Luizinho Teixeira prosseguiu com sua análise, argumentando que uma candidatura presidencial eficaz demanda um amplo suporte político e um esforço para agregar diversos atores partidários, além de um projeto de governo bem delineado. Ele revelou a existência, dentro de sua própria legenda, de grupos que cogitam até mesmo o apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ilustrando a diversidade de perspectivas e a complexidade das alianças no espectro político.

Ainda segundo o líder do PP na Câmara, a viabilidade eleitoral de Flávio Bolsonaro para um pleito presidencial enfrenta um desafio significativo: “Ele já sai com uma rejeição muito alta, tem mais dificuldade de conquistar o eleitor de centro do que o Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo) e o Ratinho Jr. (governador do Paraná)”, detalhou Luizinho. Essa perspectiva de menor apelo junto ao eleitorado de centro-direita é um dos pontos-chave nas discussões sobre o potencial eleitoral do senador do PL.

Em consonância com as declarações de Luizinho Teixeira, o pastor Silas Malafaia, na mesma terça-feira, reiterou sua avaliação de que Flávio não possui a “musculatura política” necessária para enfrentar o pleito presidencial contra o presidente Lula. Em sua visão, Tarcísio de Freitas, com um índice de rejeição inferior, seria uma figura capaz de atrair votos do Centrão e de um espectro de eleitores que, embora não apoiem Lula ou Bolsonaro, buscam uma alternativa moderada. “A Michelle encarna (votos de) mulheres, da direita, de evangélicos e é filha de nordestinos”, acrescentou Malafaia, ao reforçar o apelo da ex-primeira-dama para uma vice-presidência. “Achei (a candidatura de Flávio) um movimento errado. O Bolsonaro está emocionalmente debilitado porque é vítima de injustiça. Não vou engolir.”

Malafaia já havia expressado sua preocupação publicamente pouco depois do anúncio da pré-candidatura de Flávio, no dia 5 de dezembro de 2023. Naquela ocasião, sem citar diretamente o filho do ex-presidente, ele postou em suas redes sociais: “O amadorismo da direita faz a esquerda dar gargalhadas. Não estou falando nem contra e nem a favor de ninguém. Somente isto”. Essa declaração inicial demonstrava um descontentamento latente que viria a se tornar mais explícito nas semanas seguintes.

Percepção Eleitoral e Pesquisas de Opinião

Dados da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta semana (de 18 de março), substanciam parte das críticas e análises. A pesquisa revelou que Flávio Bolsonaro enfrenta um índice de rejeição consideravelmente superior em comparação com outros potenciais nomes da direita no cenário da disputa presidencial. Um total de 60% dos eleitores entrevistados que conhecem o senador afirmam que não votariam nele. Este patamar é maior que os 54% de rejeição atribuídos ao presidente Lula e os 47% do governador Tarcísio de Freitas.

Além disso, a mesma pesquisa indicou que a maioria dos eleitores — 54% — considera que o ex-presidente Bolsonaro cometeu um equívoco ao indicar seu filho como pré-candidato ao Planalto, em contraposição aos 36% que aprovaram a escolha. Essa percepção negativa é ainda mais acentuada entre o eleitorado da direita não bolsonarista, onde 38% creem que a indicação de Flávio foi inadequada, ao passo que entre os autodeclarados bolsonaristas, esse percentual cai para 16%.

Por outro lado, em um cenário de segundo turno hipotético contra o presidente Lula, a pesquisa mostra que Flávio Bolsonaro detém um apoio mais robusto dentro do eleitorado especificamente bolsonarista em comparação a Tarcísio. Enquanto o filho do ex-presidente registra uma intenção de voto de 90% dentro desse grupo, o governador de São Paulo alcança 73% no mesmo recorte. Essa dicotomia ressalta o desafio de Flávio em expandir sua base de apoio para além do nicho bolsonarista fiel.

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Em suma, a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência está no centro de intensos debates e enfrentando forte resistência de figuras políticas importantes e do próprio Centrão. As críticas sobre sua viabilidade e capacidade de união da oposição são reforçadas por dados de pesquisa que apontam alta rejeição. Para análises aprofundadas sobre o cenário político brasileiro e os bastidores das eleições de 2026, explore nossa editoria de Política e mantenha-se informado sobre os desdobramentos mais relevantes.

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Crédito da imagem: Reprodução

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