Interior Paulista Atraído por Moradores e Investimentos

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Um fenômeno socioeconômico redefine a demografia do estado de São Paulo: a migração para o interior paulista ganha força, alterando fluxos populacionais e impulsionando significativos investimentos, especialmente no setor imobiliário. Enquanto a capital e algumas de suas metrópoles assistem a uma desaceleração ou mesmo a um declínio populacional, diversas cidades do interior emergem como polos de atração, oferecendo novas perspectivas para moradia e negócios.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado de São Paulo vivenciou, entre os anos de 2017 e 2022, um saldo migratório negativo. Embora o estado tenha acolhido 736 mil novos habitantes vindos de outras regiões, um contingente maior, de 826 mil pessoas, deixou o território paulista no mesmo período. A capital, que experimentou um boom demográfico entre as décadas de 1960 e 1970, com um aumento de mais de 2 milhões de residentes (atingindo 5,88 milhões), observou uma progressiva redução em sua taxa de crescimento anual, caindo de picos em torno de 5% para apenas 0,2% em 2022, ano em que sua população alcançou 11,45 milhões.

Interior Paulista Atraído por Moradores e Investimentos

A retração demográfica não se restringe apenas à metrópole; o restante do estado também registra uma perda de habitantes, mas com um ritmo mais brando do que a capital. A taxa de crescimento no interior diminuiu de 3,4% na década de 1980 para 1,2% em 2010 e, finalmente, para 0,8% em 2022, consolidando uma população de 32,9 milhões. No entanto, essa desaceleração não se manifesta de forma homogênea. O relatório “Perfil dos Municípios Paulistas em 2023”, elaborado pela Fundação Seade – órgão de estatística do governo de São Paulo –, revelou que, entre os 15 maiores municípios paulistas com mais de 400 mil habitantes, oito registraram saldo migratório positivo, enquanto sete apresentaram saldo negativo. Com o auxílio de inteligência artificial na análise de dados demográficos do painel Seade Municípios, foi possível identificar esses centros.

Os municípios que indicaram um saldo migratório negativo são São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Mauá e Santos. Em contrapartida, demonstrando a tendência de fluxo para o interior, as cidades de Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Sorocaba, Jundiaí, São José do Rio Preto, Piracicaba e São Carlos registraram um saldo migratório positivo, evidenciando sua crescente atratividade para novos moradores e, consequentemente, investimentos.

A força dessa **migração para o interior paulista** é confirmada pelos resultados do mercado imobiliário. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), o interior de São Paulo se estabeleceu como o principal vetor de crescimento para o setor, apresentando um aumento notável de 26% nas vendas de imóveis novos durante o primeiro semestre de 2025. O estudo da associação abrangente cidades como Bauru, Campinas, Franca, Jundiaí, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Sumaré, indicando um desempenho robusto e generalizado.

Luiz França, presidente da ABRAINC, destacou ao InfoMoney que o interior paulista está vivenciando um período de expansão imobiliária altamente consistente. Em localidades como São José do Rio Preto, o crescimento foi ainda mais expressivo, atingindo 42% no número de unidades vendidas. Este movimento, conforme França, reflete não apenas uma busca generalizada por melhor qualidade de vida, mas também uma forte demanda estrutural por moradia no país. O alto custo dos aluguéis, que registraram uma elevação de 63% em cinco anos, somado a um déficit habitacional ainda considerável, impulsiona quase metade da população brasileira a desejar a compra de um imóvel próprio.

Exemplo claro dessa demanda é a atuação da Newe Urbanismo Integrativo, uma nova urbanizadora de alto padrão que elegeu São José do Rio Preto para seu empreendimento mais ambicioso. Um lançamento de 179 lotes de alto padrão, com investimento médio por unidade de R$ 1,5 milhão, conseguiu vender impressionantes 70% de suas unidades em apenas 60 dias. O projeto “Distrito Newe”, composto por três condomínios, projeta um Valor Geral de Vendas (VGV) próximo a R$ 1 bilhão. Dilson Athia, diretor-presidente da Newe, informou que o negócio, embora lançado em setembro de 2025, foi meticulosamente planejado desde 2019, após extensas pesquisas e benchmarks internacionais. Ele atribui o rápido sucesso à antecipação da empresa a essa tendência de migração populacional.

A estratégia da Newe visa atender a um segmento de alto padrão, oferecendo moradias que aliem bem-estar, qualidade de vida e a integração do homem com a natureza. Caetano Viana, Head de Projeto, Produto e Aprovação da Newe Urbanismo, ressalta que essa abordagem está em sintonia com a evolução do comportamento do consumidor, que agora prioriza modelos de moradia com foco no bem-estar, contato com áreas verdes, experiências urbanas qualificadas e apelo estético. Com outro projeto em Presidente Prudente, o VGV total da companhia alcança R$ 1,5 bilhão, e a expectativa de faturamento para 2026 é de R$ 500 milhões.

O custo da moradia surge como um dos principais vetores desse êxodo. A disparidade entre os preços de aluguel e venda do metro quadrado na capital e nas cidades do interior justifica a escolha de milhares de famílias. Segundo dados do Índice FipeZap de novembro, o aluguel médio em São Paulo é de R$ 62,25/m², com o preço de venda alcançando R$ 11.882/m². Em contraste, São José do Rio Preto apresenta aluguéis de R$ 29/m² e vendas de R$ 5.794/m², o que representa uma redução aproximada de 50% nos custos de vida. Mesmo em Campinas, mais próxima da capital, os valores são mais acessíveis, com aluguel médio de R$ 50,01/m² e venda por R$ 7.506/m².

Para informações mais detalhadas sobre demografia e estatísticas populacionais brasileiras, consulte a plataforma oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Confira também: meusegredoblog

O movimento de migração para o interior paulista configura uma reconfiguração urbana e econômica do estado, com impactos duradouros no mercado imobiliário e na qualidade de vida dos cidadãos. Essa tendência oferece não apenas novas oportunidades de moradia, mas também impulsiona o desenvolvimento de infraestrutura e serviços nas regiões beneficiadas. Continue acompanhando nossas análises sobre o cenário econômico e as dinâmicas urbanas em nossa editoria de Cidades.

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Crédito da imagem: Divulgação

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